- Junte uma ELITE PRECONCEITUOSA
- Uma eficiente IDEOLOGIA DO
OPRIMDO
- Acrescente um PODER POLÍTICO
CORRUPTO E DEBOCHADO; e
CORRUPTO E DEBOCHADO; e
- Uma pitada de IMPUNIDADE.
Caros leitores,
vamos falar um pouco de IDEOLOGIA
antes de relatar de forma rápida dois acontecimentos reais, vividos em momentos
distintos, mas pertencentes à mesma triste realidade social brasileira.
Em sentido
amplo a Ideologia pode ser conceituada como aquele conjunto de ideias,
concepções organizadas ou apenas opiniões, manifestados sobre algum assunto
sujeito à discussão. Em sentido estrito, Ideologia é toda teoria, concepção ou
conhecimentos pré-estabelecidos, organizados sistematicamente com a finalidade
de orientar uma ação efetiva ou de obter um resultado específico.
Na Doutrina
Marxista o termo adquiriu um sentido pejorativo (negativo) por servir de instrumento de dominação, já que exerce
influência decisiva na política de subjugação
do homem pelo homem – no jogo de aquisição do Poder e de manutenção de
privilégios.
O melhor
conceito de Ideologia não veio de fora, mas de uma educadora brasileira –
Professora Marilena Chauí – que em síntese
afirmava que “A Ideologia é um conjunto lógico,
sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou
regras (de conduta) que indicam e prescrevem
aos membros da sociedade o que
devem pensar e como
devem pensar, o que devem
valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como
devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) e
prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo,
regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade divididas em classes
uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais...” – (ARANHA, Mª Lúcia – MARTINS, Mª Helena. Filosofando – Introdução à Filosofia. 2ª edição. São Paulo: Ed. Moderna, 1993.)
Desta forma fica mais fácil a obtenção da “paz social” a medida em que os membros da sociedade estão convencidos de que cada papel desempenhado nela é fruto de uma situação histórica pré-definida, cuja relação entre os homens e destes com sua condição de existência está em perfeita harmonia com o que foi pré-fixado pela sociedade. E continua a ilustre professora: “... com isso é assegurada a coesão dos homens e a aceitação, sem críticas, das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da vontade de “DEUS” ou do “dever moral” ou simplesmente como decorrente da “ordem natural das coisas”; em última instância, tem a função de manter a dominação de uma classe sobre a outra.” – (Idem)
Desta forma fica mais fácil a obtenção da “paz social” a medida em que os membros da sociedade estão convencidos de que cada papel desempenhado nela é fruto de uma situação histórica pré-definida, cuja relação entre os homens e destes com sua condição de existência está em perfeita harmonia com o que foi pré-fixado pela sociedade. E continua a ilustre professora: “... com isso é assegurada a coesão dos homens e a aceitação, sem críticas, das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da vontade de “DEUS” ou do “dever moral” ou simplesmente como decorrente da “ordem natural das coisas”; em última instância, tem a função de manter a dominação de uma classe sobre a outra.” – (Idem)
Em síntese, este é o papel que
cabe a ideologia, enquanto instrumento
de dominação a serviço da classe dominante de plantão, sobre a classe
dominada, subjugada e oprimida. É claro que esta dominação pode revestir-se de diversas modalidades: econômica, política, institucional e mesmo ideológica, ou de todas ao mesmo tempo. Mas, notem,
caros leitores, que de todas
as
formas
mais
nocivas
de
domínio
do
Homem
sobre
o
Homem -
poder
econômico,
poder
ideológico, poder institucional e
o
poder
político
– o
domínio
ideológico de um povo é
o
mais
difícil
de
ser
identificado
e
combatido,
pois, a priori, não usa
de
instrumentos
materiais
para
a
imposição
da
força
física,
como
as
armas
de
fogo
de
diferentes
espécies,
da
privação
da
liberdade,
ou
mesmo
da
própria
privação
da
vida.
Ainda
que instrumental é o mais eficiente de
todos, pois além de se conseguir a passividade do oprimido, agradecido de sua
boa condição - de protegido - é o menos
dispendioso, pois o subjugado ideologicamente sequer sente a necessidade de
reagir, já que o que pensar, valorizar, sentir e fazer lhe é prescrito e
assimilado sem questionamentos.
Retornando-se,
então ao primeiro caso, relata-se que em determinada ocasião um Advogado de
sucesso, conversava com amigos, quando a certa altura alguém comentou sobre os
engarrafamentos em sua cidade – grande metrópole do nordeste do Brasil. Após
ouvir alguns comentários ele não se conteve: “o problema dos engarrafamentos é
do Por#@%... daquele Lula!...” – todos silenciaram. E ele continuou:
“Vejam vocês que absurdo, minha faxineira, hoje, chega a minha casa de
automóvel particular... é, minha serviçal agora, tem um carro e igual a ela
muitas outras colegas a atrapalhar meu deslocamento de casa para meu
escritório...”.
No seu
entendimento, apenas os advogados e seus “semelhantes” têm o direito de
usufruir dos avanços tecnológicos de uma sociedade. Sua “serviçal” não pode
adquirir um veículo, pois só tem o direito de utilizar o transporte público de
péssima qualidade, ainda que isso se reflita na melhoria da qualidade do
serviço que ela lhe presta: chegar mais cedo, com alto astral, trabalhar mais
disposta e mais eficiente na limpeza. Em momento algum ninguém apontou para o
ilustre causídico, que talvez a péssima condição de mobilidade urbana de sua
cidade, seja o reflexo das equivocadas escolhas feitas pelos eleitores, para
prefeitos, vereadores e demais representantes do povo. Apesar de o eminente
advogado integrar a “elite” nunca presenciei tamanha alienação ideológica e
renúncia à opção do uso da Razão. Naquele contexto sequer houve clima para um
chamamento à reflexão...
Chega-se,
então, ao segundo caso citado no início do texto. Certo dia estava uma babá com
o filho de sua patroa nos braços a lhe fazer mimos e carícias. Ao seu lado
estava seu filho de pouco mais de seis anos. Ele apaixonado pela mãe e
sensibilizado com sua dedicação ao ofício manifestou-se: “Mãe, um dia quando eu estiver grande e trabalhando vou comprar uma
casa para senhora”. Mas a reação de sua mãe, incontinenti, surpreendeu a
todos que presenciaram o fato: “Você não
vai me dar nada, porque você não terá condição de comprar coisa alguma. Grave
isso, filho de “graxeira” vai ser “graxeiro” também, e não terá condição de
comprar nada além de comida.”
O que
responder para uma criança numa hora dessa?... Que sua mãe estava equivocada? Que
ele devia continuar alimentando seus sonhos?... Que sua mãe está descrente e
decepcionada, mas que ele devia acreditar e estudar, para ter uma
condição de vida melhor que a dela...
O pior
desta prática preconceituosa e
discriminatória é a rendição, a entrega,
o estrago que ela causa na vida do oprimido, e de seus dependentes. O pior dano é o convencimento deste, de que
ele está nesta situação, porque essa foi a condição que lhe foi dada, quando do
seu nascimento e de que ela é IMUTÁVEL. Restando, para ele, apenas, sua
aceitação, sua resignação...
O resultado disso: BRASIL um país do FUTURO; Um GIGANTE
Adormecido...
Autor Convidado; Edmilson Blohem
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